VII Seminário de Pesquisa PPEd UENP
IV Mostra de Produtos Educacionais
Plataformização da Educação Básica:
Interesses, disputas e ataques à organização do trabalho pedagógico
6 a 8 de novembro de 2025

Sob o pretexto de atendimento educacional durante a pandemia Covid-19, a criação de plataformas digitais, foi vendido, desde então, como o novo paradigma na educação pública do Estado do Paraná, e em seguida, no Estado de São Paulo. Slogans como “Educação para o futuro” e “gestão educacional com resultados”, serviram como justificativa para, em um curto espaço de tempo, a implantação de uma nova realidade cotidiana na escola: materiais prontos e padronizados para toda a rede estadual com mecanismos de controle.
Ao mesmo tempo, diversas pesquisas têm chamado atenção para o uso excessivo de telas, principalmente em crianças, uma vez que o consumo rápido e fragmentado de informação compromete o desenvolvimento cognitivo, afeta a capacidade de concentração, e impede a formação de conhecimentos mais complexos e articulados. Não bastasse isso, impacta a saúde física, com problemas de visão, sedentarismo e distúrbios do sono; a saúde emocional, com aumento de ansiedade e irritabilidade; e, por fim, o processo de interação social em decorrência do desestímulo a interações humanas. Diante de tais resultados, muitos países abandonaram a excessiva exposição dos estudantes às telas.
Além de alterar a forma como os alunos aprendem, o uso de plataformas tem demonstrado também impactos entre os professores. O modelo implantado afronta a autonomia intelectual ao redefinir radicalmente o trabalho docente, reduzindo-o a mero operador de ferramentas digitais sem nenhuma margem para adaptar material à realidade dos alunos. Ao mesmo tempo, a intensificação do trabalho. Ganha contornos de sobrecarga invisível devido à multiplicação de tarefas burocráticas e a expectativa de disponibilidade constante por parte dos gestores.
Nesse curto período de implantação desse novo modelo de educação(?), já fica evidente que o ambiente de trabalho se converteu em espaço de constante vigilância, controle e assédio. No médio e longo prazo, incidirão sobre a própria valorização da carreira docente, pois, sob o discurso da "modernização" e "eficiência", essa tendência impõe uma lógica empresarial à educação. O trabalho docente redefinido sob uma lógica automatizada e controlada justifica a redução dos “custos” com mão de obra.
Outro ponto que precisa ser melhor compreendido é a destinação de recursos públicos, em operações pouco transparentes, a empresas que ofertam produtos e soluções tecnológicas.
Diante do cenário que se desenha, fica evidente um processo de desumanização da educação que precisa ser compreendido para que se construam estratégias de combate, sob o risco de distopia. A organização do VII Seminário de Pesquisa e IV Mostra de Produtos Educacionais do PPEd convida toda a comunidade acadêmica, bem como egressos do programa, docentes e demais profissionais da educação básica a participar desse debate para reafirmar a educação como direito público, o uso crítico de tecnologias e a valorização da carreira docente.